Crônica diária
Os jardins das casas dos meus avós
Tanto os paternos como os avós maternos moravam 200 metros uns dos outros.
O paterno na esquina da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio com a Rua dos
Ingleses, e o materno na primeira quadra da Rua Treze de Maio, esquina
da Brigadeiro. Minha mãe era colega de colégio das irmãs do meu pai. Daí
se conheceram, namoraram e se casaram. Ambas as casas tinham jardins.
Minha memória inicia na casa dos avós maternos onde moravam meu tio
Totó, irmão da minha mãe, casado com minha tia Sylvia e mãe do Fernando e
da Anna Sylvia (prima e leitora fiel). Minha avó, e madrinha, já era viúva. A casa tinha entrada lateral
para automóveis, mas não tenho lembrança de ter visto nenhum. No fundo a
garagem, lavanderia, e quarto de empregado. Embaixo da escada desse quarto um balanço de dois lugares. Jabuticabeiras e o viveiro do
meu avô Delfino. Trocar água e repor alpiste e couve,
colhidas ao lado, eram rotinas diárias. O Fernando por ser mais velho era
nosso ídolo. Criava uma tartaruguinha no quarto, e tirava veneno das
taturanas das jabuticabeiras com uma seringa para injetar nos
passarinhos. O Paulo, meu irmão, e eu prendíamos carta de baralho nos
aros da bicicleta para imitar o barulho de motos. Moramos uns dias na
casa da vovó Nina quando nossos pais foram de navio para os Estados
Unidos. Provavelmente um mês. Dessa época não tenho memória do jardim da
casa dos outros avós. Mas lembro do litro de leite e do pão entregues de manhã. Lembro ainda do
sapateiro que ficava logo na esquina. Naquele tempo se trocava
meia sola dos sapatos.
Um comentário:
Meus avós paternos viviam num palacete juntinho ao Rio Leça ( que foi expropriado para a construção do porto de Leixões ) e do qual herdei uma fotografia.
Meus avós maternos viviam noutro palacete. Mas este em Matosinhos, na outra margem ( a direita ) do Rio Leça.
Retenho na memória o gigantesco catavento que havia no imenso jardim.
Esta era a Casa de Santo Amaro, também expropriada para ser feito o Mercado de Matosinhos, já nos tempos de criança.
Nunca me passou pela cabeça perguntar aos meus pais como se conheceram e como começaram a namorar.
E agora não podem já responder...
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